Danças tradicionais

Danças tradicionais

1-MAPIKO ( tradição Makonde) PROVÍNCIA DE CABO DELGADO

Na dança MAPIKO são usadas mascaras que dividem-se em dois tipos:FACIAL(so cobre o rosto) ou CAPACETE( que cobre toda a cabeça).As variedades existentes dentro de cada tipo de mascara que é feita de madeira,realça o facto dessas mascaras estarem intimamente ligadas a dança MAPIKO que tem um significado religioso e cerimonial ligado ao ritual de iniciação masculina.O conjunto máscara e dança ,formam uma coreografia, muito ritmica e cadenciada transmitida pelo dançarino que se apresenta vestido com trajes convicentes coberto de objectos sonóros(chocalhos)sendo acompanhado por vários percursionistas, criadores dos seus próprios tambores que são feitos de madeira e cobertos de pele de animal,e que posteriormente afinados pelo calor do fogo, produzindo sons médio-agudos. Esta dança tem como pano de fundo um grupo de cantores(homens e mulheres).È de realçar que a dança MAPIKO é sem margem de dúvida ,uma junção de musica,dança,escultura e teatro, que vai representando gradualmente o imaginário relativo à existencia do mundo sobrenatural e à convicção na ligação lógica entre o dançarino principal e as suas crenças. A dança MAPIKO dá aos artistas MAKONDES a capacidade e o poder de recriar na arte os diferentes modos de estar na vida espiritual,usando a força da sua história e do seu quotidiano,transmitindo em cada dança as suas convicções.Posso afirmar por experiência própria que o Povo MAKONDE e a dança MAPIKO são muito especiais e inéditos.

2-DANÇA  TUFO (Província de Nampula e Cabo Delgado)

Esta dança é introduzida em Moçambique, atravéz do Sultanato de Angóche Hassane Issufe, que se radicou nessas ilhas depois da morte de um dos seus familiares. Segundo dados históricos era uma dança  religiosa de louvor, onde se usava os tambores de nome “Ad-duff” (Arabe)). Em português dá-se o nome “Adufo”(instrumento musical de percursão).Esta dança vai-se espalhando por todos os locais Islâmicos. Atravéz do povo da tribo Makwa que também se envolveu no Islamismo e devido à sua prenúncia, o nome de Ad-Duff e Adufo, foi abreviado para “TUFO”. Este novo nome foi-se introduzindo por varios locais Islâmicos incluíndo a ilha de Moçambique. Esta dança,devido à sua origem religiosa era  dançada apenas por mulheres rigorosamente seleccionadas,rigorosamente bem trajadas com trajes muito coloridos e enfeitadas com cordões, anéis e pulseiras de ouro, onde as mulheres cobriam o rosto com MUSSIRO(massa branca e espessa,resultante do friccionamento do caule perfumado da arvore Mussiro e uma pedra), e entoavam  cânticos melodiosos de uma linha musical Oriental em fusão com batimentos vindo dos tambores de vários tamanhos e de forma hexazonal e circulares  (batuque Duassi,Phusta,Kadjisa e Khapura),onde os tocadores acompanham as melodias com ritmos cadênciados de linha africana e Arabe. Esses Tambores são feitos de madeira e cobertos de pele de animal, produzindo uma sonoridade agradavel ao ouvido. O conteúdo das letras retratam na maioria dos casos as suas vidas quotidianas e as belezas do seu habitat. TUFO teve maior expansão na ilha de Moçambique dado o facto dos Portugueses terem lá, costruido a sua grande fortaleza e também por terem gostado da dança que era dirigida e dançada em absoluto por lindas mulheres mussulmanas. Esse acontecimento induziu em erro, a origem do TUFO, pois os  colonizadores Portugueses com a arrogancia e com vergonha de nunca terem conseguido dominar o povo das ilhas do arquiélago de Angóche resolveram nunca mais divulgar a sua história,  facto que até hoje permanece.

(Leia neste site:TUFO e a sua origem) 

 

3-DANÇA N´SOPE (complementariedade da dança Tufo)

A dança N´SOPE é uma dança originária da Província de Nampula e compõe parte das danças especificas da tribo Makwa sendo executada só por mulheres e actualmente conhecida por dança da corda,devido ao uso da corda na sua execução.É uma dança de lazer que,inicialmente,praticava-se no periodo de lazer das raparigas,que demonstravam a sua agilidade e talento corporal de forma que fossem apreciadas pelos pretendentes.Ao longo dos tempo esta dança foi introduzida na lista das danças principais com origem no Tufo.Os instrumentos musicais utilizados pelos musicos(homens) onde o tocador principal maneja três tambores um grande e dois médios chamados Chabomba e Mussapata),o segundo tocador toca também três tambores medios(Massapata) e os restantes dois tocadores tocam um tambor grande de som grave de nome Tchuntcho,tendo uma parte oca que serve de caixa de ressonância.,Usa-se tambem um pequeno cilindro de ferro que complementa o ritmo.

Esta dança é executada da seguinte forma:As bailarinas organizam-se fora do centro de execução da dança.Chegadas ao palco colocam-se na zona central do palco formando um meio circulo.A Chefe do grupo num gesto próprio retira a corda e escolhe uma das bailarinas a pegar em uma das pontas de forma a estar esticada.Ao som das primeiras batidas dos tambores vão movimentando a corda em circulo de uma a bater sempre no solo(chão).Cada uma das bailarinas entra para o meio da corda e demonstra de forma agil todas as suas habilidades.A medida que os tambores vão animando o espectáculo todas as bailarinas vão praticando a dança N´Sope demonstrando a cada instante as suas mestrias.  

4-Dança  Lingundumbwe

Esta dança é uma versão femenina do mapiko, sendo a bailarina principal a mulher. Ela tanto pode ser adulta como adolescente. Aliás, o habitual tem sido uma rapariga adolescente, capaz de executar os movimentos com maior vigorosidade. Para bailar no terreiro da aldeia, ou em qualquer otro recinto, ela é completamente coberta de panos da cabeça aos pés. Estes panos cruzam o tronco, parttindo das espáduas até a cintura. A este nível é colocada uma capulana, localmente designada por inguvo ya magombe. Outras copulanas são dobradas várias vezes e enroladas nos breços e nas pernas da dançarina. Na execusão da dança, essas capulanas abanam, acompanhando os movimentos rápidos, para trás e para frente, da jovem dançarina.

Para além de máscaras de madeira, a bailarina de Lingundumbwe pode trazer na cabeça uma capulana, que a cobre apenas da testa à nuca. Para permitir uma boa respiração e visão, o rosto é tapado com uma capulana transparente. Na encenação, a bailarina segura nas mãos um ou dois lenços e um pequeno machado ou enxada. Na falta destes objectos, ela pode peger na mão uma simples vara. Quando dança, o tronco da bailarina inclina-se ligeriramente para frente, dobrando sobre os rins, com os braços estendidos para os lados e para a frente, levemente curvados. Nessa posição, move-se em pequenos passos, abanando o tronco ao ritmo do batuque. A dança tem lugar no lipanda, local onde decorrem as cerimónias de iniciação feminina. Todavia, a prática do lingundumbwe tornou-se de tal modo livre que toda a gente pode conhecer a mulher mascarada. Esta dança é a mis caraterística dos ritos femeninos, constituindo o principal divertimento das iniciadas, do primeiro ao último dia.

Os instrumentos do lingundumbwe compeendem um batuque principal (ntoji) e dois auxiliares, sendo um ligoma e o outro o likuti.  A orquestra instrumental da dança é assegurada por homens. A presença masculina, á semelhença do que acontece com a maior parte das danças femininas, não só visa garantir o manejo dos instrumentos, como também serve para asseguar a protecção dos instrumentos, como também serve para assegurar a protecção dos respectivos agrupamnetos, sobretudo em caso de deslocações.
 5-DANÇA TAHURA

Esta dança é considerada muito antiga pelos habitantes de Nanhupu, em Montepuez. Em língua makhuwa, tahura quer dizer  “batuque grande”. Partecipam na dança homens e mulheres adultos, que usam um pano preto cingido em form de saia, uma camisola interior, um lenço branco e um cinto. Nas pernas, os dançarinos amarram chocalhos que, com o bater dos pés no chão, produzem um som. Dispõem-se em círculo, empunhando objectos como machadinhos, enxadas ou paus. Esta dança é praticada à noite, em cerimoniais fúnebres, ritos de iniciação e

no período de colheitas. Para assinalar este período, o chefe da aldeia organiza a recolhe de produtos para a confecção de otheka, um tipo de cerveja de fabrico caseiro. Bebe-se e dança- se toda noite, como forma de expressar alegria pelas colheitas conseguidas. Esta é também uma forma de manifestar agradecimento aos espíritos por terem proporcionado boas colheitas. Os instrumentos são compostos por quatro tios de batuques: um tahura grande, um likuti, um nikoni e um ntxuntxu. As canções retractam, essencialmente, o dia-a-dia da vida social e económica da comunidade.
6-Dança Tamadune

 Esta dança Tamudune é uma dança feminina. Os homens apenas participam como instrumentistas. A esta dança foi atribuído o nome de tamadune em honra de uma mulher makhonde, co-fundadora do grupo cultural, que era assim chamada. É praticada por ocasião da recepção dos recém-iniciados, rapazes ou raparigas, e também em dias festivos. Não possui nenhum traje específico e, para a sua execução, as dançarinas formam um círculo, destacando-se duas a duas para o meio da roda.

Usa-se, como instrumentos, seis batuques: um ntodje, três makuti e dois três magoma. As canções entoadas evocam alguns acontecimentos importantes da comunidade e factos ligados á Luta de Libertação Nacional, como é o caso do Massacre de Mueda.

7-DANÇA NHAU

A Dança Nyau foi certificada pela Organização das Nações Unida para Educação Ciência e Cultura (UNESCO) em Novembro de 2005,como .uma obra-prima do património oral e intangível da humanidade A dança Nhau, constitui a cultura dos habitantes da província de Tete, que exige bastante agilidade do seu dançarino, duma máscara de madeira e a dança tabu de ritos de iniciação.Como tradição dos habitantes desta província, usam certos símbolos de seus hábitos e costumes, como símbolos de maniqueira, que representam matéria prima para fazer sumo, doces, bebidas alcoólicas e alimentação , e o de cabrito que representa fonte de riqueza. Como uma indumentária deste povo, para mulheres " chithero", capulana com blusa "bhaju" mesmo tecido e os homens " ngonda" tecido branco denominado "tchiria" para os adultos. Os mitos, Deus da chuva considerado "nsato".

Relato de um espectador: "O nhau estava forte. A princípio chegara um homem alto, tão alto que tocava com a cabeça as últimas folhas dos eucaliptos. Por detrás dele vinha uma jibóia. A seguir veio um contingente de dançarinos. Todos traziam máscaras medonhas, de animais e aves. Estavam nus. Os seus corpos eram pintados de um branco forte que lembrava a cal. Empunhavam azagaias, chuços, catanas, machados. Alguns tinham os flancos cobertos com pequenas esteiras de bambu, À primeira vista, poder-se-ia julgar que tinham os movimentos presos. Mas a agilidade é a condição primária do nhau".

Alguém do passado descreveu como era a antiga dança nhau na região do Zóbuè, em Tete. Dança tabu, sobretudo o nhau chipeta, esta dança era também uma iniciação que exigia sacrifício, virilidade e heroísmo.

Hoje é mais o nhau macanga que se dança com algumas misturas do outro, sem deixar de ser espectacular. Nesta máscara algo medonha perpetua-se um rito, que uma cultura antiga esculpiu de enigmas...

8 - Maulide
És dança em vias de desaparecer é uma demonstração da  fé apresentada só por homens que dançam e cantam e com uma espécie de alfinete, navalhas, pregos grandes de aço ou ferro, espetos de ferro ou outros instrumentos afiados que se dá o nome de  "tupachi", que penetram no corpo, perfurando a carne e que tem como admiração do público esses dançarinos não  sangram nem os corpos ficam com marcas das perfurações. Segundo a informação que obtivemos, para se preparar o corpo do dançarino para este ritual, eles ficam no mínimo 15 dias sem actividade sexual e sem comer polvo nem peixe.  Esta dança era antigamente muito praticada nos casamentos islâmicos.  Esta  dança ainda pode ser encontrada na ilha de Moçambique, Angóche e Pemba.
9 - DANÇA  MASSEVE
A dança MASSEVE é originária da Prov íncia do Niassa e está intimamente ligada ao chocalho chamado Masseve.
Esse chocalho é feito com frutos pequenos, duros e secos onde são colocados sementes duras que em movimento dentro do fruto, produzem uma sonoridade interessante. Este Chocalho é amarrado as pernas dos dançarinos para acompanhar todas as movimentações dos passos executados.Geralmente o grupo tem três tambores, onde os percursionistas vão tocando de forma compassada com uma cadência certa de forma a seguir  a sequência de passos que é executada por quatro, cinco ou mais dançarinos. Existe um tambor que é percurtido  por duas varas, que marca a cadência. Os outros dois tambores vão solando com os passos executados e acrobacias existêntes.O vestuário desta dança é bastante interessante, pois os homens que dançam MASSEVE, colocam  um vestido de palha ou então de pano, de forma que faça conjunto com a camisola e um lenço que é amarrado na cabeça. Esses homens musculados que praticam esta dança ficam trajados de forma feminina colocando nas costas pele de antílope ou de cabrito . Para executar esta dança é preciso uma certa preparação física, pois num conjunto de passos cadênciados que seguem em várias direcções estão misturados com a sonoridade dos chocalhos, e com grandes saltos para o chão, além de redopios enérgicos que com os pés descalços vão batendo com força no chão para que a sonoridade dos chocalhos seja mantida a um nível bem alto. Esta dança é uma das identidades do povo Rural da Província do Niassa 
10 - MARRABENTA

Segundo muitas pesquisas feitas, esta dança nasceu e se desenvolveu em Lourenço Marques (hoje Maputo) nos anos 50.

Durante a época colonial, os grupos de musica e dança tradicional só tinham a oportunidade de demonstrar as suas danças, seus instrumentos e as suas musicas e  variantes das suas culturas nos desfiles carnavalescos que acontecia anualmente.Segundo entrevistas realizadas a vários Músicos da época dos anos 50/60, relatam firmemente que num determinado momento de um desfile Carnavalesco que passava pela Av. De Angóla junto ao Bairro da Mafalala, um determinado grupo folclórico vindo de Marracuene, apresentava um ritmo tradicional alegre, com uma melodia contagiante que acompanhava um determinado estilo de dança muito sensual o que fez com que o público aplaudice de forma eufórica .Nessa altura já existia o grupo musical Djambo,que actuavam na Associação dos Negros localizado no Chamanculo . Alguns elementos desse grupo estavam inseridos no público que assistia ao desfile. Acharam interessante o ritmo que atraia o publico e a forma como as bailarinas dançam de forma entusiastica.A imagem do acontecimento e o ritmo ficou memorizado nas mentes desses músicos. Ao chegarem a sala de ensaio resolveram brincar com esse determinado ritmo, acrecentando algumas notas musicais e criando uma melodia simpática. Dai surgiu a primeira marrabenta intitulada ELISA GOMARA SAIA. na qual foi apresentada na festa de “fim do ano” que foi realizada no salão da Associação dos Negros  . Segundo conta alguns elementos do grupo musical DJAMBU e segundo   as  histórias contadas por algumas pessoas da época que estavam nesse baile, a musica foi tão bem aceite que um determinado  bailarino ao dançar este ritmo  gritava “Arrebenta, Arrebenta” de forma a chamar toda a gente para a pista de dança.  Daí surgido o nome ..... Arrebenta , Arrebenta … para “Marrabenta”.

Na primeira oportunidade que surgiu e com a alguma ajuda do José Craveirinha e de outros amigos influêntes o grupo Djambo teve a possibilidade de poder ir tocar ao vivo a “dita” Marrabenta na emissora Radio Clube, (actualmente Radio Moçambique) num programa que era dirigida  aos negros de Moçambique. Segundo reza história .foi um sucésso absoluto por todo o País no qual houve a aderencia de todos os ouvintes africanos e não só.   Devido à PIDE e à grande descriminação e racismo existente nessa época,a música  ELISA GOMARA SAIA foi levada para Angola  para ser apresentada no FESTIVAL DA CANÇÂO em PORTUGAL atravéz do grupo angolano DUO OURO NEGRO.

Com a fenómedo deste ritmo a nível radiofónico por todos os distritos do sul de Moçambique, surgiram várias corrente, tais como as dos maiores compositores da marrabenta Djuma Mukatsica   e  Emidio DJUMA MULINDE (estilo Hunsse)que se dedicavam a compor músicas para casamentos e festas populares . Nessa época surgiu o grupo João Domingos com o GONZANA com sonoridades ligadas ao latino , Fany Pfumo que veio das minas sul africanas trazendo sonoridades misturandas com a Madjuba, o grande musico de marracuene Dilon djin dji e Manjacaziano apresentando sonoridades mais tradicionais , Xidiminguana com sonoridades em fusão com alguns ritmos sul africano e Gabriel Chiau com uma sonoridade mais urbana, além de muitos outro grupos e artistas a solo.

Mais tarde surgiram muitos nomes que revolucionaram a Marrabenta fundindo-a com influências que cada um possuia no seu intimo ,tais como :  Wazimbo, Abdul Razaque(silio Paulino) KÁCIMO DAVIDE , COCA COLA , ABDALA MUBARACA ,  ALEXANDRE LANGA , ALBERTO MUTCHEKA , PEDRO BEM , DUO SERA , HORTENCIO LANGA , JOSE MUCAVEL, JAIMITO,  etc, etc, etc…

Após a Independência surgiu a famosa Orquestra Marrabenta que reuniu os grandes musicos daquela geração, músicos de craveiras diferentes que agarraram na Marrabenta e a fundiram com ritmos tradicionais.  

Actualmente a nova geração numa época de Globalização  vai recuperando os sucessos do passado , dando-lhes novas roupagens sonóras   de forma que possa chegar a outras fronteiras, além de criar novas formas de marrabenta em fusão com ritmos internacionais e Nacionais.

A verdade é que este ritmo Urbano e esta dança se manteve e se mantém ao longo dos tempos e é uma das bandeiras de Moçambique.